Santander condenado por fraude na contratação de bancário
A contratação fraudulenta visa retirar direitos e rebaixar
salários dos trabalhadores bancários
O
Santander foi condenado, em São Paulo capital, por fraudar a contratação de um
bancário por meio de uma empresa do mesmo grupo econômico do banco espanhol. O
trabalhador foi contratado pelo Santander em setembro de 2018. Mas sem qualquer
tipo de alteração nas atividades profissionais desempenhadas no banco, em
janeiro de 2022 ele foi transferido para a SX Tools – uma das empresas criadas
pelo conglomerado espanhol para terceirizar seus empregados.
O
bancário, então, procurou o Sindicato, que ingressou na Justiça para buscar o
reconhecimento da responsabilidade solidária entre o Santander e a SX Tools, e
o seu enquadramento na categoria dos bancários.
‘Objetivo de afastar o
enquadramento sindical’
Segundo
o depoimento de uma testemunha incluído na sentença, o empregado “continua
trabalhando no mesmo espaço físico, com as mesmas atividades, […] A estrutura
hierárquica dentro do setor continua a mesma”.
“Diante
do exposto, concluo que a transferência do autor do primeiro reclamado
[Santander] para a segunda ré [SX Tools] teve como único objetivo afastar o
enquadramento sindical do reclamante, privando-o dos direitos trabalhistas
inerentes à categoria dos bancários. Tal artifício, por certo, não pode ser
admitido pelo Direito do Trabalho, devendo ser assegurados ao autor dos
direitos da sua categoria profissional”, determinou na sentença a juíza Katia
Bizzetto, da 11ª Vara do Trabalho de São Paulo.
Em
face da decisão, o trabalhador foi considerado como pertencente à categoria
bancária, devendo ser aplicados a ele os direitos da Convenção Coletiva de
Trabalho e a representação sindical dos empregados de bancos. A sentença também
determinou pagamento de horas extras, consideradas como tais as excedentes à
sexta hora diária ou trigésima semanal, até abril de 2023.
Para
a coordenadora da Comissão de Organização dos Empregados do Santander, Wanessa
de Queiroz, “Ainda que caiba recurso por parte do banco, essa decisão é muito
importante, pois reconhece que a contratação de empregados que desempenham
funções bancárias por outras empresas do Santander é uma fraude que visa
unicamente enfraquecer a representação sindical bancária, retirar direitos e
rebaixar salários de trabalhadores que cumprem exatamente as mesmas funções que
os trabalhadores bancários. Tudo em nome do lucro. Esperamos que essa decisão
faça com que o Santander interrompa esse processo claramente fraudulento.”
“É
uma vitória importante a Justiça do Trabalho reconhecer a fraude praticada pelo
Santander. O banco vem, nos últimos anos, tentando retalhar a categoria
bancária, retirando os direitos dos trabalhadores e a representação sindical.
Decisões como essa impõe limite na tentativa do banco de fugir da lei”, reforça
Vitor Monaquezi, advogado do Crivelli Advogados Associados, escritório que
presta assessoria para o Sindicato, e que ingressou com a ação na Justiça.
Movimento sindical na
luta contra a terceirização
Escorado
pela reforma trabalhista que legalizou a terceirização irrestrita, desde o
segundo semestre de 2021 o Santander vem transferindo trabalhadores para outras
empresas pertencentes ao mesmo conglomerado, como STI, SX, Santander Corretora,
F1RST, Prospera, e SX Tools. Cada uma vinculada a um sindicato diferente.
Desde
então o movimento sindical bancário vem denunciando e realizando uma série de
protestos contra esse processo que visa enfraquecer a organização dos
trabalhadores, retirar direitos e rebaixar salários.
Por
meio de assembleias realizadas em todo o país, a imensa maioria dos
trabalhadores expressou sua reprovação à terceirização que vem sendo promovida
pelo Santander e manifestou seu desejo de serem representados pelos Sindicatos
de Trabalhadores do Ramo Financeiro, e não por outros sindicatos.
“Vamos
seguir mobilizados e lutando para que todos os trabalhadores do Santander sejam
considerados bancários e tenham a mesma representação e os direitos da
categoria bancária, uma das mais fortes e organizadas do país. Quem trabalha em
banco é bancário. E esperamos que essa sentença judicial sirva para a direção
do Santander no Brasil reconhecer isto e respeitar seus trabalhadores
responsáveis por quase um quinto do lucro mundial do conglomerado espanhol.”
Santander já é réu por
terceirização fraudulenta
Mesmo
após a entrada em vigor da reforma trabalhista (Lei 13467/2017), que legalizou
a terceirização da atividade principal das empresas, o Santander e outras 43
empresas ainda podem ser condenados em R$ 100 milhões, em outra ação judicial
movida pelo Ministério Público do Trabalho, por intermediação fraudulenta da
mão de obra.
Fonte:
Sindicato dos Bancários de Dourados MS