Guardas de Dourados viram réus por tortura contra dois jovens em 2020

Os guardas municipais Nilson da Silva Junior, 35, e Luis Paulo de Paula Daniel, 32, viraram réus acusados de torturar dois rapazes em maio de 2020 em Dourados. O comandante da equipe, Ademir Ribeiro, 52, foi denunciado por omissão e também se tornou réu. A denúncia do Ministério Público foi aceita pelo juiz Marcelo da Silva Cassavara, da 1ª Vara Criminal.

Segundo a denúncia apresentada pelo promotor Claudio Rogério Ferreira Gomes com base em inquérito conduzido pela 2ª Delegacia de Polícia, as agressões teriam ocorrido por volta de 23h40 de 31 de maio de 2020 no residencial Harrison de Figueredo II.

Nilson e Luis Paulo são acusados de espancar dois rapazes, na época com 19 e 20 anos de idade, para obter deles confissão de crimes de roubo e tráfico. Ademir Ribeiro foi denunciado por se omitir sobre a conduta dos colegas, mesmo tendo o dever de evitar os crimes.

“Os denunciados abordaram as vítimas e realizaram revista pessoal. Após a revista pessoal, os guardas municipais Luis Paulo de Paula Daniel e Nilson da Silva Junior começaram a agredir Matheus e Jonathan, com o intuito de obterem a confissão das vítimas sobre onde estariam drogas e qual carro iriam roubar, enquanto o guarda municipal Ademir Ribeiro olhava a ação, sem evitá-la”, afirma trecho a denúncia.

O MP continua: “Em suas declarações, Matheus deu detalhes das agressões, dizendo que sofreu vários golpes de tonfa [espécie de cacetete], socos, pontapés nas regiões da cintura, orelha, costelas e barriga, inclusive alguns dos golpes foram dados quando ele estava caído no chão e, no mesmo momento em que estava sendo agredido, Jonathan também estava sofrendo agressões. Vale ressaltar que as agressões foram praticadas com o fim de obter a confissão das vítimas, pois os guardas faziam indagações do tipo ‘onde está a droga, qual carro vocês vão roubar’ (conforme as narrativas das vítimas e de testemunha). Jonathan diz que, por conta da violência, ficou bastante machucado, inclusive teve um dente quebrado”.

Ouvidos no inquérito policial e pela Corregedoria da Guarda, os três confirmaram a abordagem, mas negaram as agressões.

“No outro dia eu tava dolorido e nem fui trabalhar. Quando fui abordado eu sabia que ia apanhar, porque é comum apanhar da polícia. Pros meninos da minha idade é difícil você achar quem não apanhou da polícia”, disse Matheus em depoimento à Corregedoria.

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