Especialista faz alerta para aumento de suicídio entre idosos em Dourados

Por Wender Carbonari e Osvaldo Duarte

Em meio ao mês de campanha nacional voltada a prevenção contra o suicídio, ‘Setembro Amarelo’, Dourados vem apontando alta na quantidade de registro destes casos. 

Somente nesse final de semana - entre 22 e início da madrugada de 25 de setembro - três pessoas tiraram a própria vida. O caso mais recente é de moradora da Aldeia Jaguapiru, 21 anos. 

Antes dela, um idoso de 67 anos também teve morte registrada na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) como “a esclarecer”, no qual a Polícia Civil aponta para mais um caso de suicídio. 

Um homem de 27 anos também tirou a própria vida recentemente. 

Dados estatísticos apurados por meio de sistema da Sejusp-MS (Secretaria de Estado, Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul) revelam que 20 pessoas se suicidaram em Dourados em 2023. 

Somente em setembro quatro casos entraram para os registros estaduais, segundo informações contabilizadas até as 23h59 de 24/09/2023, ou seja, o caso mais recente, da jovem de 21 anos, não está incluído. 

O gráfico mostra ainda que 2022 terminou com 35 casos de suicídio em Dourados. 

Em todo Mato Grosso do Sul, no ano passado, 211 pessoas tiraram a própria vida. Até agora, em 2023 são 121 registros acumulados, ainda segundo dados da Sejusp-MS. 

Idosos e jovens

Para discutir sobre os dados compilados pelo sistema da Sejusp-MS, a reportagem contatou Renisson Costa Araújo, mestre psicologia pela UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) e criador de conteúdo digital que discute, entre outros temas, estudos relacionados ao suicídio. 

Com base no acompanhamento de pesquisas recentes, o psicólogo explica que em números absolutos, jovens são os que mais tentam tirar a própria vida. 

Porém, Renisson faz questão de destacar aumento de casos consumados de suicídios entre idosos, principalmente pessoas do sexo masculino com mais de 65 anos, sendo esta a faixa etária considerada proporcionalmente mais eficazes, ou seja, que mais conseguem se suicidar. 

Entre os fatores que buscam explicação para este dado, é possível apontar para a “intencionalidade suicida”, que seria o planejamento, maior determinação, menos sinais de alerta, disponibilidade de vários medicamentos, entre outros. 

Também vem aumentando a quantidade de idosos com sintomas de depressão, relacionado a perda de virilidade sexual e laboral, além do abuso no consumo de bebidas alcoólicas. 

“Esse é um reflexo claro do nosso modo de produção, que valoriza a vida enquanto ela ainda é capaz de produzir e gerar valor, a partir do momento em que você não produz mais, você é descartado”, completa Renisson ao falar sobre os fatores relacionado aos idosos. 

Dados do Ministério da Saúde, divulgados em 2018, apontam para a alta taxa de suicídio entre idosos com mais de 70 anos. Nessa faixa etária, foi registrada a taxa média de 8,9 mortes por 100 mil nos últimos seis anos. 

A taxa média nacional é 5,5 por 100 mil. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam ainda que a população brasileira com 60 anos ou mais cresceu 18,8% entre 2012 a 2017.

“Mas vale destacar que não só no Brasil como no mundo todo, a taxa de suicídio entre adolescentes e pré-adolescentes é a faixa etária que tem tido o maior crescimento”, disse o especialista ao Dourados News nessa segunda-feira (25/9). 

Valorização da Vida

Para quem está procurando ajuda, o CVV (Centro de Valorização da Vida) disponibiliza o Portal Disque 188 para auxiliar na prevenção do suicídio. 

Este é um serviço gratuito de apoio emocional, que funciona em todo o território nacional 24h por dia, diariamente, sem exceção de feriados, sábados e domingos.

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