Agrotóxicos na agricultura: uma ameaça à saúde e à fé
O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo, com toneladas de ingredientes ativos. Esses produtos
químicos são usados para combater pragas, doenças e plantas invasoras que podem
afetar a produtividade das lavouras. No entanto, o uso indiscriminado e
irresponsável desses venenos pode trazer graves consequências para o meio
ambiente e para a saúde humana, especialmente através da contaminação da água.
A água é um
recurso essencial para a vida e para a agricultura. No entanto, ela pode ser contaminada por agrotóxicos de diversas formas:
pela aplicação direta nas plantas, pela lixiviação para o solo e para os
lençóis freáticos, pelo escoamento para os rios e lagos, pela deriva para
outras áreas, pela chuva que carrega os resíduos para a atmosfera e pela
irrigação com água poluída.
A contaminação da
água por agrotóxicos pode afetar a qualidade e a quantidade da água disponível
para o consumo humano e para a agricultura. Além disso, pode prejudicar a biodiversidade e o equilíbrio dos
ecossistemas aquáticos, causando a morte ou a alteração de espécies de peixes,
plantas e micro-organismos.
Os efeitos dos
agrotóxicos na saúde humana podem ser imediatos ou tardios, agudos ou crônicos,
dependendo da dose, da via de exposição, do tempo de contato e da sensibilidade
individual. Entre os principais problemas de saúde relacionados ao consumo de
água e alimentos contaminados com agrotóxicos estão: alterações neurológicas,
doenças intestinais, problemas de pele, diversos tipos de câncer, doença de
espectro autista, transtorno de déficit de atenção, infertilidade, falência
renal, danos ao fígado, hipotireoidismo, hipertireoidismo, alergias, má
formação fetal e doenças cardíacas.
Diante desse
cenário alarmante, é preciso questionar se o uso de agrotóxicos na agricultura
é compatível com os princípios da fé cristã. A Bíblia Sagrada ensina que Deus
criou o mundo e tudo o que nele há, e que o homem foi feito à sua imagem e
semelhança, com a missão de cuidar e cultivar a terra (Gênesis 1:26-28; 2:15).
Portanto, o homem tem o dever de preservar a criação de Deus e de respeitar a
vida de todas as suas criaturas, inclusive a sua própria.
A Bíblia também
ensina que o homem deve amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a
si mesmo (Mateus 22:37-39). Isso implica em não colocar o lucro acima da vida,
em não explorar os recursos naturais de forma egoísta e insustentável, em não
causar danos à saúde e ao bem-estar de si mesmo e dos outros, em não ser
cúmplice ou conivente com as injustiças e as desigualdades sociais e em não se
afastar dos mandamentos de Deus.
O uso de
agrotóxicos na agricultura, portanto, pode ser considerado uma violação dos
preceitos bíblicos, uma vez que contamina a água, a terra, os alimentos, os
animais e as pessoas, comprometendo a integridade da criação de Deus e a
dignidade da vida humana. Quem usa esses venenos, seja por ignorância, por
necessidade ou por ganância, está sujeito às consequências naturais e
espirituais de seus atos, pois, como diz a Bíblia, “o que o homem semear, isso
também ceifará” (Gálatas 6:7).
Diante disso, é
urgente e necessário buscar alternativas mais saudáveis, ecológicas e éticas
para a agricultura, que respeitem a natureza, a saúde e a fé. Existem experiências bem-sucedidas de agricultura orgânica,
agroecológica, familiar e comunitária, que não usam agrotóxicos e que promovem
a soberania alimentar, a segurança alimentar e nutricional, a conservação dos
recursos hídricos, a proteção da biodiversidade, a valorização da cultura e da
identidade local, a geração de renda e a inclusão social.
Essas experiências
mostram que é possível produzir alimentos de qualidade, sem prejudicar o meio
ambiente e a saúde humana, e sem renunciar aos valores cristãos. É preciso
apoiar e incentivar essas iniciativas, que são exemplos de como o homem pode
cumprir o papel de guardião da criação de Deus e de servo do próximo.