Educação superior na África: uma história esquecida e uma oportunidade de diálogo

A origem da educação superior no mundo é um tema controverso e pouco conhecido. Muitas vezes, se assume que as universidades surgiram na Europa medieval, mas há evidências de que outras formas de ensino superior existiram antes em outras regiões, especialmente na África.

Segundo o professor Youssef Cassis, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o continente africano foi precursor da ideia de educação superior, mas não recebe o devido reconhecimento por sua contribuição histórica e cultural. Em uma palestra realizada na UFRGS, ele apresentou exemplos de instituições de ensino superior que floresceram na África desde a antiguidade até os tempos modernos.

Entre essas instituições, destacam-se a Escola de Sagradas Escrituras da Etiópia, fundada no século VI, e a Universidade de Al-Azhar do Egito, fundada no século X. Essas escolas se tornaram centros de excelência acadêmica e atraíram estudantes de diversas partes do mundo. Além disso, houve outras experiências de educação superior na África, como as universidades islâmicas do Mali, as escolas monásticas da Núbia, as academias de Timbuktu e as escolas tradicionais de diversas etnias.

O professor Cassis explicou que a educação superior na África tinha características próprias, como a valorização da oralidade, da interdisciplinaridade, da diversidade cultural e da relação com a comunidade. Ele também ressaltou que a educação superior na África foi afetada pelo colonialismo, que impôs um modelo europeu de ensino e desvalorizou as formas locais de conhecimento.

No entanto, ele afirmou que há um movimento de resgate e valorização da educação superior africana, que busca reconhecer sua importância histórica e sua relevância atual. Ele defendeu que é preciso ampliar o diálogo e a cooperação entre as instituições de ensino superior da África e do resto do mundo, para promover uma educação mais inclusiva, diversa e democrática.

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