Bolsonarismo: fenômeno psicossocial em desconstrução
Dr. Reinaldo de Mattos Corrêa*
O
bolsonarismo é um fenômeno político e social que desperta interesse e
preocupação de diversos especialistas. Trata-se da ideologia de idolatria ao
Jair Bolsonaro e da rejeição à oposição dele. É um projeto político perigoso à
paz social, e funciona com mecanismos de manipulação psicológica e
desinformação. Quais são os motivos da identificação coletiva com o
bolsonarismo? Como podemos refutar, desconstruir e combater essa influência
nociva à sociedade?
Para
responder a essas perguntas, analisamos fatores psicológicos e sociais do
bolsonarismo, e mostramos como são falsos, ilusórios, prejudiciais. Vejamos
alguns e as possíveis refutações:
a)
Fatores Psicológicos:
-
Segurança e proteção: a promessa de Bolsonaro de restaurar a ordem e segurança
pública encontra ressonância no contexto de violência e insegurança. A figura
do líder forte surge como o "salvador da pátria" que trará paz e
proteção à sociedade. Refutação: essa promessa é falácia. Bolsonaro não tem um
plano efetivo para combater a violência e a criminalidade, e sim quer
aumentá-las. Exemplo: tem propostas de flexibilizar o porte de armas, de
isentar policiais de responsabilidade por mortes e de incentivar a violência
contra minorias. Além disso,
Bolsonaro não é um líder forte, mas sim um líder autoritário, que desrespeita
as mulheres, as instituições democráticas, as leis, os direitos humanos. Ele
não traz paz e proteção, mas sim medo e opressão à população.
-
Identidade e pertencimento: o bolsonarismo oferece um senso de identidade e
pertencimento a um grupo coeso, combate a sensação de isolamento e alienação. A
identificação com o líder e os valores que propaga produz o sentimento de
comunidade e pertencimento. Refutação: essa identidade e pertencimento são
falsos, sustentam-se na exclusão e na intolerância. O bolsonarismo não respeita
a diversidade e a pluralidade, e sim as nega e as ataca. A identificação com o
líder e os valores que ele supostamente dissemina não é uma escolha livre e
consciente, mas sim a aceitação da imposição e da submissão. Esse falso
sentimento de comunidade e pertencimento não é a expressão de solidariedade e
cooperação, mas sim de fanatismo e hostilidade.
-
Redução da ansiedade: a simplificação da realidade em "nós" versus
"eles" e a demonização de inimigos externos diminuem a complexidade
do mundo e proporcionam a falsa sensação de controle e segurança. O discurso
simplista e maniqueísta de Bolsonaro oferece respostas fáceis para problemas
complexos, reduz a ansiedade e a incerteza. Refutação: essa redução da
ansiedade é ilusória, baseada na negação e na distorção da realidade. Bolsonaro
não oferece soluções reais para os problemas do Brasil, e sim os ignora ou os
agrava. O discurso simplista e maniqueísta não esclarece, mas sim confunde e
engana. A falsa sensação de controle e segurança não é a fonte de tranquilidade
e confiança, mas sim de alienação e vulnerabilidade.
-
Autoafirmação e status: a defesa de valores tradicionais hegemônicos (Deus,
pátria, família, propriedade privada) e a postura autoritária podem ser vistas
como formas de autoafirmação e busca por status social. A identificação com o
bolsonarismo pode ser interpretada como a tentativa de se sentir parte de um
grupo poderoso e vencedor. Refutação: essa autoafirmação e status são
prejudiciais, decorrem da agressão e da dominação. O bolsonarismo não defende
os valores tradicionais (suja-os ao introduzi-los no meio político corrupto),
mas sim os valores retrógrados e opressivos (violência, intolerância,
destrutividade, negacionismo). A postura autoritária não é a expressão de força
e coragem, mas sim de fraqueza e covardia. A identificação com o bolsonarismo
não é a forma de se sentir parte de um grupo poderoso e vencedor, mas sim de se
tornar cúmplice de um grupo corrupto e criminoso.
- Patriotismo e segurança: Bolsonaro aparentemente defende o patriotismo e a segurança da população. Refutação: sob a máscara de patriotismo e segurança, o discurso de Bolsonaro transforma-se
no palco de emoções negativas. O medo, a raiva e o ódio são cuidadosamente
orquestrados. Na realidade, Bolsonaro usa as emoções negativas para manipular as
massas. A nostalgia por um passado militarizado é misturada com a demonização
de minorias, forma um clima de paranoia e divisão. É crucial desvendar as
artimanhas desse discurso. O medo do "outro" é infundado, uma farsa
criada para desviar a atenção dos reais problemas do País. A nostalgia por um
passado autoritário ignora os horrores da ditadura civil-militar (1964-1985). A
raiva contra minorias é apenas o bode expiatório à incompetência e à corrupção
do governo bolsonarista.
Bolsonaro,
o líder carismático, figura central do neofascismo brasileiro, torna-se o
objeto de desejo sublimado para os seguidores. Por meio da retórica inflamada e
autoritária, ele canaliza a frustração sexual reprimida em um sentimento de
revolta contra minorias e grupos considerados "inimigos". Ao mesmo
tempo, a figura do líder também representa a ordem e a segurança, proporciona
uma ilusão de controle e proteção contra o caos e a incerteza. Essa dualidade
entre revolta e passividade cria um estado psicológico de submissão e
dependência do líder, torna os seguidores mais propensos a obedecer e seguir os
comandos.
b)
Fatores Sociais:
-
Desigualdade social e frustração: a profunda desigualdade social no Brasil gera
frustração e ressentimento em muitos cidadãos. O discurso de Bolsonaro contra a
"elite" e a promessa de mudança encontram eco nesse contexto,
canalizam a frustração para um alvo específico. Refutação: esse discurso e essa
promessa são uma hipocrisia. Porque Bolsonaro faz parte da elite que ele
critica, e não tem interesse em mudar a situação. Bolsonaro é um político
profissional, perfil bélico que se beneficiou de privilégios e vantagens
durante a carreira. Ele não representa os interesses do povo, mas sim dos
grupos econômicos e políticos que o apoiam. Ele não quer mudar a desigualdade
social, mas sim mantê-la e inclusive aumentá-la.
-
Desconfiança nas instituições: a baixa confiança nas instituições tradicionais,
como Poder Judiciário, partidos políticos e mídia, leva muitos a buscarem
alternativas fora do sistema. O bolsonarismo oferece-se como uma
"anti-política", promete romper com o establishment e trazer mudanças
radicais. Refutação: essa apresentação é uma farsa. Bolsonaro não é a
alternativa fora do sistema, mas sim a falsa ameaça ao sistema, por ser
extremamente conservador. Bolsonaro não é um "anti-político", mas sim
o político oportunista, aproveita-se da desconfiança nas instituições para
atacá-las e enfraquecê-las. Ele não quer romper com o establishment, mas sim
controlá-lo e subvertê-lo em benefício próprio. Ele não quer trazer mudanças
radicais, mas sim retrocessos históricos.
-
Medo do "outro": o discurso anti-comunista, anti-LGBTQIA+ e xenófobo
de Bolsonaro explora o preconceito e o medo em relação ao "diferente"
e ao "estrangeiro". A construção do inimigo externo unifica o grupo e
desvia a atenção de problemas reais. Refutação: esse discurso é um absurdo,
injusto, mentiroso. Bolsonaro não tem nenhum embasamento teórico e factual
razoável que o sustente. Bolsonaro demonstra não saber o que é o Comunismo, e
usa esse termo inapropriadamente como um espantalho para assustar e manipular
as pessoas. Bolsonaro não respeita a diversidade sexual e de gênero, e usa esse
tema como uma "cortina de fumaça" para esconder a própria
incompetência e corrupção. Bolsonaro não entende de relações internacionais, e
usa esse assunto como uma arma para provocar e ofender outros países. Ele não
tem nenhum inimigo externo real, mas sim inventa um para criar o clima de
guerra e medo.
Sendo
assim, o bolsonarismo é um fenômeno psicossocial doentio, hoje cada vez mais decadente, cheio de
falsidades, ilusões, prejuízos. Ao analisarmos e refutarmos os fatores
psicológicos e sociais dessa ideologia anticristã, abrimos o caminho necessário
para libertar os fanáticos dessa má influência e construir a vida nacional mais
racional e democrática. É hora de romper com a manipulação de Bolsonaro e
construir o futuro baseado na verdade, na justiça e na compaixão. O Brasil
precisa de um verdadeiro líder amoroso, pacífico, justo, que una o povo, não
que o divida. Líder que inspire a esperança, não o medo. Líder que lute por
todos, não apenas por alguns. Líder consciente e que não permita o genocídio na
época da pandemia.
*
É Produtor Rural em Mato Grosso do Sul.