Medicina como Instrumento para Combater a Concentração de Terras no Brasil

Reinaldo de Mattos Corrêa*


A Medicina, muitas vezes vista como uma área restrita ao cuidado individual, pode ser um poderoso instrumento para combater a concentração de terras no Brasil e promover a distribuição mais justa da propriedade rural. Essa perspectiva inovadora reconhece as profundas interconexões entre saúde, acesso à terra e desenvolvimento socioeconômico, abrindo caminho para soluções multifacetadas que beneficiam tanto a saúde da população quanto a estrutura social do Brasil.


A Medicina pode ser uma voz influente na defesa da Reforma Agrária, reconhecendo que o acesso à terra é fundamental para a saúde e o bem-estar das comunidades rurais. Estudos demonstram que pequenos agricultores, que geralmente praticam a agroecologia, produzem alimentos mais nutritivos e livres de agrotóxicos, promovendo uma alimentação mais saudável e combatendo doenças relacionadas à má nutrição.


A Medicina tem a responsabilidade social de também denunciar os impactos negativos da agropecuária industrial sobre a saúde da população e do meio ambiente. A monocultura, o uso excessivo de agrotóxicos e o desmatamento, práticas comuns nesse modelo, contribuem para doenças respiratórias, câncer, contaminação da água e do solo, além da perda de biodiversidade.


A Medicina pode atuar diretamente no apoio à agricultura familiar e comunidades indígenas, fornecendo assistência médica preventiva, educação em saúde e saneamento básico. Essas ações contribuem para a melhoria da qualidade de vida e da produtividade das comunidades, fortalecendo sua resistência à expropriação de terras e promovendo a segurança alimentar.


A Medicina deve investir em pesquisas e desenvolvimento de soluções para os desafios de saúde específicos das populações rurais, como doenças negligenciadas, acesso à água potável e saneamento básico. Essa atuação contribui para a redução das desigualdades em saúde e para o fortalecimento das comunidades rurais.


Profissionais da Medicina podem se tornar agentes de conscientização sobre os problemas da concentração de terras e da importância da Reforma Agrária para a saúde e o desenvolvimento do País. Essa mobilização social é essencial para pressionar por políticas públicas que promovam a distribuição justa da terra e a construção de uma sociedade mais justa e saudável.


Ao abraçar essa perspectiva inovadora, a Medicina pode se tornar um catalisador para a transformação social no Brasil, contribuindo para a construção de um País mais justo, saudável e próspero, onde a terra seja um bem acessível a toda a população, garantindo o bem-estar individual e coletivo.


* Produtor Rural em Mato Grosso do Sul.


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