Escolas Cívico-Militares: Ataque Frontal ao Livre Mercado

                                  Reinaldo de Mattos Corrêa*

A implementação de escolas cívico-militares, violação constitucional e da legislação federal da educação no Brasil, tem gerado debates acalorados, com defensores argumentando que a disciplina e a ordem proporcionadas por esse modelo são a solução para os problemas da educação pública. No entanto, a análise mais profunda revela que essa prática, ao invés de fortalecer o sistema, representa o ataque frontal aos princípios do livre mercado.

O livre mercado, pilar fundamental do Capitalismo, está baseado na competição saudável entre empresas, na liberdade de escolha do consumidor e na inovação constante. É o sistema dinâmico, onde as melhores ideias e os produtos mais eficientes tendem a prevalecer. A escola, por sua vez, é o espaço de formação de cidadãos críticos e capazes de tomar decisões informadas.

Mas como a rigidez militar pode ser incompatível com a liberdade econômica? A resposta reside na própria natureza da inovação e do empreendedorismo, que são os motores do crescimento econômico no Capitalismo. A inovação exige pensamento crítico, criatividade e a capacidade de desafiar o status quo. O ambiente escolar militarizado, com a ênfase na obediência e na conformidade, dificulta o desenvolvimento dessas habilidades.

A pergunta que se coloca é: se o livre mercado valoriza a diversidade de ideias e a competição, como se concilia isso com a imposição de um único modelo educacional, rigidamente controlado? A resposta é simples: não se concilia! Ao militarizar a educação, estamos criando a geração de trabalhadores passivos que, em vez de serem agentes ativos na economia, serão meros executores de ordens, limitando assim o potencial de crescimento econômico do País.

Além disso, a militarização da educação pode ter consequências negativas para a propriedade privada a longo prazo. A sociedade com cidadãos críticos e informados é mais capaz de defender os próprios direitos e de exigir que o Estado cumpra a função de garantir a segurança e o bem-estar da população. A sociedade militarizada, por sua vez, pode ser mais suscetível a abusos de poder e à concentração de riqueza nas mãos de poucos.

Outro ponto crucial é a questão da eficiência. A eficiência econômica exige a alocação eficiente dos recursos, o que, por sua vez, depende do sistema educacional que prepare os indivíduos para tomar decisões racionais e para lidar com a complexidade do mundo moderno. A militarização da educação, com a ênfase na disciplina e na obediência, pode comprometer a capacidade dos indivíduos de pensar de forma crítica e de resolver problemas complexos.

Em resumo, a militarização da educação representa um grande retrocesso para o livre mercado. Ao limitar a liberdade individual, o pensamento crítico e a capacidade de inovação, essa mina os próprios fundamentos do sistema econômico que se pretende defender. A pergunta que fica é: por que estamos tentando resolver os problemas da educação com soluções que, historicamente, têm sido associadas à repressão e ao autoritarismo?

É preciso um debate mais profundo sobre o papel da educação na sociedade e sobre os valores que queremos transmitir às futuras gerações. A educação deve ser o espaço de liberdade, de criatividade e de desenvolvimento integral do indivíduo, e não um campo de batalha onde se impõe a disciplina militar.

Chega de ideias absurdas à educação e que são aberrações jurídicas: o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo recentemente suspendeu o modelo das escolas cívico-militares no Estado de São Paulo. Quando no Mato Grosso do Sul ocorrerá o mesmo?

* Produtor Rural em Mato Grosso do Sul.

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