Dia Mundial da Segurança do Paciente (OMS)
No dia 17 de setembro, o mundo se une para celebrar o Dia Mundial da Segurança do Paciente, uma data que, embora tenha um caráter global, carrega consigo as marcas das desigualdades sociais e estruturais que permeiam os sistemas de saúde.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que um em cada dez pacientes pode ser vítima de erros ou eventos adversos durante a assistência à saúde. Essa realidade não é apenas um número; é um grito silencioso que ecoa nos corredores dos hospitais e nas casas das famílias afetadas.
### Segurança do Paciente
A segurança do paciente não deve ser vista como um mero protocolo a ser seguido, mas como um direito fundamental.
No Brasil, onde o Sistema Único de Saúde (SUS) enfrenta uma constante batalha contra a falta de recursos e a desumanização do atendimento, a implementação de práticas seguras é um desafio que requer compromisso e ação coletiva.
A criação do Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP) pelo Ministério da Saúde, com a Portaria MS/GM nº 529/2013, é um passo importante, mas ainda insuficiente diante da magnitude da crise enfrentada.
Estudos mostram que cerca de 10% dos pacientes internados sofrem algum tipo de evento adverso. O que isso significa na prática? Significa que, em muitos casos, a negligência e a falta de infraestrutura adequada podem custar vidas. Em uma pesquisa realizada em hospitais universitários do Rio de Janeiro, a incidência de eventos adversos foi de 7,6%, com 66,7% desses eventos sendo considerados evitáveis. Esses números são alarmantes e revelam uma realidade que não pode ser ignorada.
### Voz dos Pacientes
Neste ano, o tema escolhido para o Dia Mundial da Segurança do Paciente é "Engajar pacientes para a segurança do paciente". Essa escolha é emblemática e reflete uma necessidade urgente: dar voz aos pacientes e suas famílias nas decisões sobre o próprio cuidado. É fundamental que os pacientes sejam vistos como parceiros ativos no processo de cura e não apenas como receptores passivos de serviços.
A participação ativa dos pacientes pode ser uma ferramenta poderosa para reduzir erros e melhorar a qualidade do atendimento. Quando os pacientes são encorajados a fazer perguntas e a compartilhar informações sobre sua saúde, criamos um ambiente mais seguro e colaborativo. No entanto, essa mudança cultural exige uma transformação profunda nas instituições de saúde, que muitas vezes ainda operam sob modelos hierárquicos e autoritários.
### Desafios Estruturais
É preciso reconhecer também que os desafios vão além das práticas individuais. A falta de investimento em saúde pública, as condições precárias de trabalho dos profissionais da saúde e a resistência à mudança dentro das instituições são barreiras que precisam ser enfrentadas com urgência. O sistema atual frequentemente prioriza lucros sobre vidas, colocando os interesses corporativos acima da segurança dos pacientes.
A Anvisa tem promovido iniciativas para fortalecer a farmacovigilância e garantir a segurança dos medicamentos, mas essas ações devem ser acompanhadas por políticas públicas robustas que garantam recursos adequados para hospitais e clínicas. Investir na segurança do paciente não é apenas uma questão ética; é também uma questão econômica. Cada vida salva representa não apenas um alívio para as famílias, mas também uma economia significativa para o sistema de saúde.
### Chamado à Ação
Neste Dia Mundial da Segurança do Paciente, é essencial que todos — profissionais de saúde, gestores, formuladores de políticas e cidadãos — se unam em prol de uma causa comum: garantir que cada paciente tenha acesso a cuidados seguros e dignos. É hora de transformar essa data em um marco na luta por um sistema de saúde mais justo e igualitário.