Dia Nacional da Televisão

O Dia Nacional da Televisão, realizado em 18 de setembro, é um dado que nos convida a refletir sobre o papel da televisão na sociedade brasileira, especialmente sob uma perspectiva crítica. 

A televisão, como meio de comunicação de massa, não é apenas um veículo de entretenimento, mas também um espaço de disputa ideológica e política que molda a percepção pública e a cultura popular.

Historicamente, a televisão no Brasil tem sido um instrumento de poder, frequentemente alinhado a interesses hegemônicos que marginalizam vozes dissidentes e promovem narrativas que favorecem as elites. 

Uma análise do consumo de telejornais revela que a televisão é uma fonte primária de informação para a população, com dados inferiores que 58,02% dos habitantes urbanos e 51,28% dos rurais dependem desse meio para se informar sobre questões sociais e políticas. 

Essa dependência é preocupante, porque a programação televisiva é frequentemente moldada por interesses comerciais e políticos que podem distorcer a realidade. A cobertura midiática das eleições, por exemplo, tem mostrado um claro viés, onde emissoras como a Globo e a Record demonstraram alinhamentos políticos que favoreceram determinadas candidaturas, como evidenciado na análise da cobertura das eleições de 2018. 

Esta situação levanta questões sobre a verdadeira função da televisão: seria essa um espaço de democratização da informação ou um instrumento de controle social? 

Além disso, a televisão tem um papel crucial na formação da opinião pública e na construção da narrativa política. A forma como a violência é representada na mídia, por exemplo, não apenas reflete, mas também contribui para a construção de uma cultura de medo que pode ser utilizada para implementação de políticas repressivas. 

A representação da violência na televisão muitas vezes ignora as causas estruturais que a geram, desviando a atenção das questões sociais que precisam ser abordadas para uma verdadeira transformação. Essa abordagem crítica é essencial para entender como a televisão pode perpetuar desigualdades e silenciar vozes que clamam por justiça social. 

Por outro lado, é importante considerar que a televisão também pode ser um espaço de resistência e de promoção de uma cultura mais inclusiva. Programas que abordam questões sociais e políticas de forma crítica, como as novelas de Dias Gomes, exemplificam como a televisão podem ser utilizados para questionar a ordem estabelecida e promover uma reflexão sobre a realidade brasileira. 

A arte engajada na televisão pode servir como uma forma de resistência cultural, desafiando as narrativas dominantes e oferecendo novas perspectivas sobre a sociedade. 

Em suma, o Dia Nacional da Televisão deve ser uma oportunidade para refletir sobre o papel ambivalente deste meio na sociedade brasileira. Embora a televisão possa ser um veículo de controle e manipulação, também possui o potencial de ser uma plataforma para a resistência e a transformação social. É fundamental que uma sociedade civil se mobilize para exigir uma televisão mais democrática, que represente verdadeiramente a diversidade e as demandas do povo brasileiro, promovendo uma comunicação que não apenas informe, mas que também eduque e empodere. 

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