Dia do Contador

O Dia do Contador, realizado em 22 de setembro, é uma oportunidade para refletir sobre o papel fundamental que a profissão contábil desempenha na sociedade brasileira. 

A Contabilidade, muitas vezes vista apenas como uma ferramenta de controle financeiro, pode e deve ser entendida como a ciência social que contribui à justiça econômica e social. Nesse sentido, é crucial questionar como a profissão pode ser utilizada para reduzir as desigualdades socioeconômicas que permeiam o Brasil. 

Um dos principais desafios enfrentados pelos contadores é a necessidade de reconfigurar a atuação para além do mero cumprimento de normas e regulamentações. A formação acadêmica dos contadores deve ser recompensada para que os profissionais possam atender às demandas sociais contemporâneas, que desbloqueiam não apenas habilidades técnicas, mas também uma compreensão crítica das estruturas sociais e econômicas.

As universidades têm um papel fundamental no desenvolvimento de conhecimentos e habilidades que viabilizam os profissionais contábeis ou o ingresso no mercado de trabalho com condições de satisfazer as necessidades exigidas pelos stakeholders, mas há pouco planejamento na criação dos cursos de contabilidade e os programas, o que contribui à ineficiência da educação contábil.

Além disso, a contabilidade pode ser um vetor de enfrentamento das crises econômicas, como demonstrado durante a pandemia de COVID-19, onde os contadores desempenharam um papel crucial na gestão e recuperação de empresas. A contabilidade pode servir como vetor para o gerenciamento e gerenciamento da crise econômica gerada pela COVID-19, decorrente principalmente do fechamento das empresas e da restrição à mobilidade humana. 

Contudo, isso levanta uma questão: como os contadores podem ser mais proativos na promoção de políticas públicas que visem à redistribuição de renda e ao fortalecimento da economia local? A atuação contábil deve ser orientada para a promoção da justiça social, e isso implica em uma reflexão profunda sobre as práticas contábeis e seu impacto na sociedade. 

Outro aspecto a ser considerado é a relação entre a contabilidade e o capitalismo. A profissão contábil, ao longo da história, tem se mostrada muitas vezes confirmada aos interesses do capital, em detrimento das necessidades sociais. 

A trajetória de consolidação da atividade profissional de contador tem sido conflituosa e controversa diante da sociedade, especialmente do ponto de vista do 'sigilo' e da 'confiança', que são requisitos indispensáveis ​​à boa conduta profissional. Como os contadores podem reverter essa tendência e se posicionar como defensores da ética e da responsabilidade social, contribuindo para um modelo econômico mais justo e equitativo?

A ética na contabilidade não deve ser apenas uma questão de conformidade, mas uma prática que busca ativamente a equidade. 

É essencial que os contadores se vejam como parte de um movimento maior pela justiça social e econômica. A profissão deve ser um espaço de reflexão crítica e ação, onde os profissionais se comprometem a questionar as estruturas de poder e a promover mudanças que beneficiem a sociedade como um todo. Como a profissão contábil pode se unir a outros movimentos sociais para promover uma agenda de justiça e equidade no Brasil? 

Assim, o Dia do Contador deve ser um dado de reflexão e ação. A contabilidade, enquanto ciência social, tem o potencial de ser uma força transformadora à redução da desigualdade socioeconômica. Para isso, é necessário que os profissionais da área se comprometam com a formação crítica, a prática ética e o engajamento ativo nas questões sociais.