SETE QUEDAS - Indígenas e sitiantes entram em confronto por terra

Fica no município de Sete Quedas, na fronteira com o Paraguai, o mais recente epicentro de tensão entre indígenas e produtores rurais na luta pela terra, em Mato Grosso do Sul. Os dois grupos entraram em confronto nesta segunda-feira, após a ocupação da área no dia anterior. Há relato de pelo menos um sitiante ferido. 

Os indígenas montaram acampamento na área, onde, segundo eles, existe o “Tekohá Garcetekué”. Revoltados com a invasão, sitiantes se uniram e tentaram expulsar os nativos. Houve confronto e um produtor teria ficado ferido na perna por disparo de “arma de baixo calibre”, como definiu a Polícia Militar. Indígenas também teriam ficado feridos, mas recusaram atendimento. 

Imagens produzidas pelos próprios indígenas mostram o grupo acampado na área. Na noite de ontem, um dos barracos foi destruído por incêndio. Os indígenas acusam os sitiantes, que apontam o grupo rival como responsável pelo fogo. 

De acordo com boletim de ocorrência registrado na Delegacia de Polícia Civil de Sete Quedas pela proprietária do Sítio São José, na margem da rodovia MS-160, o grupo de indígenas foi visto na área na manhã de ontem, na divisa com o Sítio Bom Jesus II e com outras duas fazendas.

A Polícia Militar foi acionada pelos proprietários e duas equipes foram para o local. O funcionário de uma das propriedades relatou aos PMs que foi conversar com os indígenas e teria sido informado por eles que iriam “retomar” mil hectares do local, por serem terra de ocupação tradicional. Barracos já estavam sendo montados.

Em seguida, dezenas de produtores se aglomeraram na área e houve confronto. Conforme a ocorrência, quando os policiais se deslocavam para a área e ouviram disparos de arma de fogo.

NO final do dia, o proprietário de um dos sítios foi até a delegacia e narrou que os indígenas permaneciam nas terras. Ele contou que pediu que deixassem sua propriedade e teria, inclusive, oferecido caminhão para fazer a retirada dos pertences de forma pacífica. Entretanto, não houve acordo.

Os sitiantes acusam os indígenas de atearem fogo em áreas de reserva de mata, prejudicando o andamento do plantio de soja.

Ao Campo Grande News, o comando regional da Polícia Militar informou que a ocupação teria sido liderada por indígenas de nacionalidade paraguaia que estavam trabalhando em propriedades rurais da região.

Equipes da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) e da Força Nacional foram para o local para negociar a desocupação. Os sítios não estariam dentro das áreas identificadas como terras indígenas na região. 


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