A autoestima na penumbra acadêmica: uma ausência proposital
A autoestima, pedra angular do desenvolvimento humano, permanece ironicamente ausente dos currículos escolares e universitários precisamente por sua importância vital. Essa ausência não é acidental, mas sintomática de um sistema educacional que, historicamente, prioriza a formatação sobre a formação.
Quando o indivíduo desenvolve autoestima sólida, torna-se naturalmente questionador. Passa a confiar na própria capacidade de análise, desenvolve pensamento crítico autônomo e resiste à manipulação. Um indivíduo com autoestima elevada não aceita passivamente imposições arbitrárias, nem se submete a hierarquias injustificadas.
O sistema educacional tradicional, herdeiro direto da revolução industrial, foi arquitetado para produzir trabalhadores obedientes, não pensadores independentes. A exclusão da autoestima do currículo serve a este propósito: é mais fácil controlar pessoas inseguras, que buscam constantemente aprovação externa e validação institucional.
Observe como as escolas avaliam: notas, rankings, medalhas - sempre comparações externas. Raramente se estimula a autoavaliação ou o reconhecimento do progresso individual. O aluno aprende desde cedo que seu valor é determinado por métricas alheias, nunca por sua própria percepção de crescimento.
Na universidade, esta dinâmica se intensifica. O conhecimento é apresentado como algo a ser absorvido de autoridades estabelecidas, não como algo a ser construído por meio da reflexão própria. O estudante que questiona demais é frequentemente rotulado como "problemático", enquanto o que aceita tudo passivamente é considerado "exemplar".
A ausência da autoestima nos currículos revela, portanto, uma escolha sistêmica: manter os indivíduos dependentes de validação externa, mais suscetíveis ao controle social e menos propensos a questionar estruturas estabelecidas. É precisamente por seu poder transformador que a autoestima é mantida fora das salas de aula.
Esta é a grande ironia: quanto mais crucial um elemento é à verdadeira emancipação humana, mais provável é a exclusão dele do sistema educacional formal. A autoestima, sendo fundamental para o desenvolvimento de seres humanos autônomos e críticos, representa uma ameaça ao status quo - e por isso mesmo permanece no limbo curricular, aguardando uma revolução educacional que talvez nunca venha.