Nos últimos anos, o debate sobre educação especial tem promovido frequentemente a discussão concentra-se em necessidades de apoio e intervenções para alunos com deficiências. Embora essa abordagem seja necessária, há um grupo igualmente importante que merece atenção: os indivíduos com altas habilidades ou superdotação. Este segmento da população, muitas vezes negligenciado, pode dar muito retorno e tem o potencial imenso para contribuir significativamente para o desenvolvimento do País.

A superdotação é caracterizada por alta performance inata, enquanto as altas habilidades se manifestam após a aprendizagem. Ambas resultam em desempenho elevado, mas diferem na origem da criatividade: a superdotação traz uma criatividade natural, enquanto as altas habilidades podem desenvolver criatividade aprendida. Superdotação não é transtorno, deficiência ou doença rara. É uma característica da cognição humana acima da média, com valores cognitivos altos. As altas habilidades não se limitam a um desempenho acadêmico superior; abrangem uma variedade de competências, incluindo criatividade, pensamento crítico e capacidade de resolução de problemas complexos. Esses jovens talentos têm o potencial não apenas de se destacarem em suas áreas de interesse, mas também de impulsionarem inovações que podem transformar setores inteiros da economia.

No entanto, para que esse potencial seja plenamente desenvolvido, é essencial que a educação especial não apenas reconheça, mas também promova estratégias adequadas para atender às necessidades desses estudantes. Infelizmente, muitos alunos com superdotação ou altas habilidades enfrentam desafios significativos no ambiente escolar. A falta de programas adequados, a ausência de professores capacitados e a dificuldade em encontrar um ambiente que estimule as capacidades criativas podem levar à desmotivação e ao abandono escolar. Em vez de serem desafiados e inspirados, muitos acabam se sentindo isolados ou subestimados. Isso não apenas prejudica o desenvolvimento individual, mas também representa uma perda significativa para a sociedade como um todo.Investir na educação desses indivíduos é investir no futuro do País.

É fundamental ressaltar que os desafios enfrentados pelos alunos com superdotação ou altas habilidades vão além da falta de estímulos no ambiente escolar. Muitas vezes, esses estudantes se sentem incompreendidos por seus pares e até mesmo por alguns professores, o que pode gerar um isolamento social e emocional. A escola precisa criar um ambiente acolhedor e inclusivo, onde todos os alunos se sintam valorizados por suas diferenças e possam desenvolver suas potencialidades de forma plena.

A formação de professores para atender a população com altas habilidades e superdotação deve ir além da mera transmissão de conhecimentos teóricos. É preciso proporcionar aos educadores experiências práticas, como observação de turmas com alunos superdotados e com altas habilidades, participação em projetos de pesquisa e desenvolvimento de materiais didáticos diferenciados. Além disso, é fundamental que a formação continue ao longo da carreira docente, para que os professores possam acompanhar as novas tendências e desafios da educação.

Pesquisas demonstram que alunos com superdotação ou altas habilidades tendem a se tornar líderes nas áreas de atuação, contribuindo para inovações tecnológicas, científicas e culturais. A história está repleta de exemplos de pessoas que, quando estimuladas adequadamente, transformaram suas ideias em realidades impactantes. Thomas Edison, Albert Einstein e Marie Curie são apenas alguns dos nomes que ilustram como o reconhecimento e o apoio às altas habilidades podem gerar mudanças profundas na sociedade.

Para isso, é fundamental que as políticas educacionais incluam programas específicos voltados para o desenvolvimento das altas habilidades. Isso pode envolver desde a criação de currículos diferenciados até a formação de professores capacitados para identificar e nutrir esses talentos.

Além disso, cabe aos governos e à iniciativa privada promoverem ambientes que incentivem a colaboração entre alunos com diferentes habilidades, permitindo que todos aprendam uns com os outros e desenvolvam um senso de comunidade.

A inclusão da superdotação e das altas habilidades na agenda da educação especial não é apenas uma questão de justiça social; é uma estratégia inteligente para o desenvolvimento sustentável do país. Ao reconhecer e apoiar esses indivíduos, estamos investindo em uma geração capaz de enfrentar os desafios do futuro com criatividade e inovação.

Para valorizar alunos com altas habilidades ou superdotação, é fundamental que o Governo Federal, o Governo do Estado de Mato Grosso do Sul e o Governo Municipal de Dourados adotem uma série de medidas estratégicas:

### 1. Governo Federal
a. Criação e Implementação de Políticas Públicas:
- Desenvolver políticas nacionais específicas que abordem as necessidades de alunos com superdotação ou altas habilidades, como a inclusão em currículos diferenciados e programas de aceleração.
- Exemplo: aplicar a Política Nacional de Educação Especial para garantir que os sistemas de ensino estaduais e municipais recebam apoio técnico e financeiro.
b. Formação de Professores:   
- Promover cursos de formação continuada para educadores em identificação e atendimento a alunos superdotados ou com altas habilidades.
- Exemplo: criar programas de capacitação em parceria com universidades e instituições especializadas.
c. Criação de Núcleos de Atendimento:   - Estabelecer Núcleos de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação (NAAH/S) em todo o País para atender esses alunos. 
- Exemplo: financiar centros que ofereçam atividades extracurriculares voltadas à criatividade e ao pensamento crítico.

### 2. Governo do Estado de Mato Grosso do Sul
a. Implementação de Programas Estaduais:   
- Criar programas estaduais que integrem as diretrizes federais e atendam às especificidades locais.
- Exemplo: desenvolver um programa estadual que identifique alunos com superdotação ou altas habilidades nas escolas públicas.
b. Parcerias com Instituições Educacionais:   
- Firmar parcerias com universidades e instituições locais para oferecer suporte educacional e psicológico aos alunos superdotados ou com altas habilidades.
- Exemplo: promover estágios e mentorias onde estudantes universitários possam trabalhar com esses jovens talentos.
c. Avaliação e Monitoramento:   
- Estabelecer um sistema de monitoramento para avaliar a eficácia das políticas implementadas.
- Exemplo: realizar pesquisas periódicas sobre o desempenho acadêmico e social dos alunos atendidos.

### 3. Governo Municipal de Dourados
a. Criação de Salas de Recursos:   
- Implementar salas de recursos nas escolas municipais que ofereçam atividades específicas para alunos com altas habilidades.
- Exemplo: criar um espaço onde esses alunos possam desenvolver projetos em áreas como ciência, arte ou tecnologia.
b. Envolvimento da Comunidade Escolar:  - Promover a conscientização entre pais, professores e alunos sobre as características e necessidades dos estudantes superdotados ou com altas habilidades.
- Exemplo: organizar palestras e workshops sobre altas habilidades e superdotação.
c. Fomento à Participação em Competições:   
- Incentivar a participação desses alunos em competições acadêmicas, científicas e culturais.
- Exemplo: criar um calendário municipal que inclua eventos como feiras de ciências, olimpíadas do conhecimento, etc.

A valorização dos alunos com altas habilidades ou superdotação requer uma abordagem integrada entre os diferentes níveis de governo. É essencial que haja um compromisso conjunto para desenvolver políticas eficazes, formar educadores capacitados e criar ambientes educacionais estimulantes. Ao fazer isso, não apenas reconhecemos o potencial desses jovens, mas também investimos no futuro do nosso Brasil, promovendo inovação e sustentabilidade.

Investir na educação de alunos com altas habilidades ou superdotação é um investimento no futuro do nosso País. Ao identificar e desenvolver esses talentos, estamos contribuindo para a formação de cidadãos mais críticos, criativos e inovadores, capazes de transformar a sociedade. No entanto, é preciso ter em mente que o atendimento às altas habilidades e à superdotação não se trata de uma tarefa isolada, mas sim de um processo contínuo que exige o envolvimento de diversos atores, como escolas, famílias, governo e comunidade.