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Desflorestamento Urbano em Dourados: Corte que Sangra a Economia e o Futuro da Cidade (por Reinaldo de Mattos Corrêa)

Publicada em: 31/01/2025 09:33 - Dourados

Reinaldo de Mattos Corrêa*

A cidade de Dourados, localizada no coração do Mato Grosso do Sul, enfrenta um desafio que vai além da degradação ambiental: o corte desenfreado de árvores na zona urbana está gerando prejuízos econômicos significativos para a população, comprometendo não apenas a qualidade de vida, mas também a sustentabilidade da região. A remoção indiscriminada da cobertura vegetal não é apenas uma questão ecológica; é um problema econômico que afeta diretamente o bolso dos cidadãos e o futuro da cidade.

Em primeiro lugar, a redução da vegetação urbana impacta o microclima da cidade. Árvores são importantes na regulação térmica, proporcionando sombra e reduzindo a temperatura local. Com menos árvores, Dourados tem experimentado um aumento nas ilhas de calor urbanas, o que eleva o consumo de energia elétrica devido ao uso mais intenso de ventiladores e aparelhos de ar-condicionado. Esse aumento no consumo energético pressiona o orçamento das famílias, especialmente aquelas de baixa renda, que já enfrentam dificuldades financeiras. Além disso, a maior demanda por energia sobrecarrega a infraestrutura local, podendo levar a apagões e custos adicionais para a municipalidade.

Outro aspecto econômico crítico é a desvalorização imobiliária. Áreas verdes são um ativo valioso para qualquer cidade, contribuindo para a valorização dos imóveis e atraindo investimentos. Em Dourados, a perda acelerada de árvores tem levado à degradação de bairros outrora considerados agradáveis e arborizados. Isso desincentiva novos investimentos imobiliários e comerciais, reduzindo a arrecadação de impostos municipais e limitando o crescimento econômico da cidade. A falta de áreas verdes também afasta turistas e visitantes, impactando negativamente o comércio local e os serviços de hospedagem.

A saúde pública é outro setor que sofre com o desflorestamento urbano. Árvores são filtros naturais que melhoram a qualidade do ar, reduzindo a concentração de poluentes e partículas finas. Com menos árvores, a população de Dourados está mais exposta a problemas respiratórios e cardiovasculares, aumentando os gastos com saúde e reduzindo a produtividade no trabalho. O custo dessas doenças recai sobre o sistema público de saúde, que já opera com recursos limitados, e sobre as famílias, que precisam arcar com medicamentos e tratamentos.

Diante desse cenário alarmante, é urgente a implementação de uma política pública municipal voltada para a educação ambiental. A população precisa ser conscientizada sobre os benefícios econômicos, sociais e ambientais das árvores urbanas. Campanhas de conscientização, programas de replantio e a criação de zonas de proteção ambiental são medidas essenciais para reverter essa tendência destrutiva. Além disso, a prefeitura deve investir em fiscalização eficiente para coibir o corte ilegal de árvores e promover parcerias com instituições de ensino e organizações não governamentais para engajar a comunidade na preservação do meio ambiente.

A educação ambiental não é um custo, mas um investimento. Uma população consciente e engajada pode transformar Dourados em uma cidade mais verde, saudável e economicamente vibrante. O momento de agir é agora, antes que o último tronco caia e leve consigo o futuro da cidade. A economia de Dourados depende da preservação de suas árvores, e o poder público tem o dever de garantir que essa riqueza natural seja protegida para as gerações atuais e futuras.


* Produtor Rural em Mato Grosso do Sul.

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