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### Desafios e Caminhos da Classe Trabalhadora em Dourados - MS (por Tácito Loureiro)

Publicada em: 01/05/2025 07:41 - Geral

A classe trabalhadora em Dourados enfrenta desafios estruturais ligados à precarização de direitos e à falta de políticas públicas efetivas que garantam empregos e salários dignos, justiça social e distributiva. Como polo agroindustrial e comercial do Mato Grosso do Sul, o município carece de ações governamentais que integrem trabalhadores rurais, urbanos e informais em projetos de sustentabilidade.

### Consultoria Política e Formação de Lideranças

É fundamental que a consultoria política popular oriente governos e empresas a usar dados socioeconômicos para criar leis que reduzam a desigualdade socioeconômica. A atuação dos cientistas políticos na formulação de estratégias para campanhas e órgãos públicos pode ser um passo importante nessa direção. A formação de lideranças que questionem sistemas opressores e defendam a ética no ambiente laboral é essencial para promover a mudança.

### Memória Histórica e Mobilização Popular

A memória de reivindicações históricas, como as greves rurais e urbanas dos anos 1980 e a organização de sindicatos, mostra que a mobilização popular é capaz de mudar paradigmas. É importante reavivar essas tradições, evitando repetir erros do passado. A historiografia local revela que, sem diálogo entre gerações, o esquecimento pode enfraquecer conquistas, como direitos trabalhistas adquiridos com sangue e suor.

### Desigualdades Espaciais e Planejamento Urbano

A expansão urbana desordenada e a dependência da economia do agronegócio criam desigualdades espaciais. Bairros periféricos sofrem com a falta de infraestrutura, enquanto o setor rural enfrenta exploração em monoculturas. É fundamental que Dourados exija planejamento que integre territórios, respeite o meio ambiente, garanta acesso pleno a serviços básicos e reduza a vulnerabilidade de quem vive na informalidade. Dourados merece ter ainda um balneário municipal público, para atender ao povo. O poder público deve investir mais em esporte e lazer, revitalizar todos os parques e as praças,  criar parques ambientais, plantar mais árvores pela cidade.

### Papel da Mídia Local

A mídia tem um papel importante em amplificar vozes que foram historicamente silenciadas. Reportagens sobre condições insalubres em frigoríficos, assédio no comércio, desmatamento ligado à pecuária e ao agronegócio, denúncias de abusos sofridos por indígenas, trabalhadores informais, sem terra, sem teto, imigrantes, são essenciais para pressionar as autoridades públicas. A imprensa, como pilar da democracia, pode ser aliada na denúncia de violações e divulgação de práticas justas, incentivando empresas a adotarem padrões éticos.

### Espiritualidade e Resiliência

A aquisição indispensável do autoconhecimento (também chamado espiritualidade), as práticas individuais e coletivas de meditação podem fortalecer a resiliência, reconstruir a autoestima, formar o sentido de propósito existencial, em comunidades afetadas pela desigualdade socioeconômica. Essas práticas direcionam a energia coletiva à solidariedade e à reivindicação de direitos, promovendo uma cultura de apoio mútuo.

### Educação e Formação Continuada

A educação é uma das ferramentas mais poderosas para a transformação. Escolas e cursos técnicos podem preparar jovens para novas economias, como a digital e a sustentável, além de ensinar a negociar salários e direitos. A formação continuada de trabalhadores rurais em práticas agroecológicas, por exemplo, reduz a dependência de grandes corporações e promove a sustentabilidade.

### Importância das Universidades Locais

As universidades locais (UEMS/UFGD) devem oferecer cursos de graduação relevantes, como Antropologia, Ecologia e Filosofia. A ausência dessas áreas priva os trabalhadores de ferramentas analíticas essenciais para entender as dinâmicas de poder, os custos socioambientais do modelo de desenvolvimento e os fundamentos éticos da reivindicação da dignidade. Esses cursos podem capacitar os trabalhadores a pensar criticamente e agir de forma mais informada. Falta em Dourados a implementação da Casa da Cultura da UFGD, localizada na zona urbana, para atender também a classe trabalhadora.

### Saúde Mental e Bem-Estar

O estresse e a ansiedade no trabalho, especialmente em setores como saúde e educação, exigem atenção. Programas de saúde mental nas empresas e políticas públicas que previnam o burnout são urgentes. Ambientes colaborativos e equilíbrio entre vida individual e profissional promovem maior produtividade e bem-estar.

### Cultura do Trabalho

A cultura do trabalho em Dourados é marcada por dualidades: a força do cooperativismo no campo versus o individualismo urbano. Compreender essas dinâmicas permite construir redes de apoio entre setores, fortalecendo a solidariedade como valor cultural. A promoção de práticas colaborativas e a valorização do trabalho coletivo são fundamentais para uma sociedade mais justa.

### Diversificação Econômica

A instabilidade econômica, com alta rotatividade em empregos temporários, exige políticas que incentivem indústrias locais e diversifiquem a economia. Investir em microempreendedores e cooperativas pode reduzir a dependência de grandes conglomerados, gerando renda de forma sustentável. Projetos de incentivo a pequenas e médias empresas podem criar oportunidades de emprego e promover o desenvolvimento local. A substituição do agronegócio pela agroecologia é essencial.

### Necessidade de União da Classe Trabalhadora

A construção da classe trabalhadora unida em Dourados depende da síntese entre memória histórica, planejamento integrado e ação coletiva. Reavivar as reivindicações passadas, como as greves rurais e urbanas, e fortalecer o a organização sindical presente, forma a identidade comum, enquanto políticas de urbanização inclusiva e apoio a cooperativas reduzem as divisões entre rural e urbano. A educação técnica e universitária, aliada à denúncia midiática de abusos, oferece ferramentas para enfrentar a precarização. Paralelamente, a diversificação econômica sustentável e a defesa da saúde mental emergem como bandeiras transversais, capazes de unir informais, assalariados e pequenos produtores em torno de um projeto de desenvolvimento justo. Essa convergência exige lideranças formadas para mediar conflitos, universidades comprometidas com saberes críticos e uma cultura de solidariedade que transforme reivindicações fragmentadas em força política unificada.

### Conclusão

A classe trabalhadora de Dourados pode traçar um caminho de mudança por meio da união entre autoconhecimento, conhecimento técnico, memória histórica, ética e solidariedade. É hora de transformar palavras em ações individuais e coletivas, inteligentes, reivindicando espaço nas decisões políticas, investindo em educação e saúde mental, e ampliando a força das reivindicações coletivas. Sem ação, o conhecimento é mudo. Vamos agir juntos para construir o futuro mais justo e digno para toda a população da nossa cidade.

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