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Conjuntura Política, Econômica e Social do País (por Tácito Loureiro)

Publicada em: 30/05/2025 16:23 - Artigos

Em 2025, a conjuntura política, econômica e social do Brasil revela um emaranhado de contradições que exigem uma leitura crítica e transformadora da esquerda. Internamente, o País enfrenta uma aparente estabilidade política, mas essa calma é ilusória, sustentada por uma governabilidade frágil e um pacto conservador entre elites que buscam manter o status quo. Enquanto isso, a economia oscila entre a recuperação tímida de setores estratégicos e a persistência de desigualdades estruturais, agravadas pela herança neoliberal que ainda condiciona políticas públicas e investimentos sociais. A crise de reprodução social — marcada por precarização do trabalho, fome e desemprego — se aprofunda, especialmente nas periferias e comunidades tradicionais, que clamam por respostas urgentes e não encontram alternativas concretas nos discursos vazios da direita.  

A esquerda brasileira, após décadas de reconfigurações ideológicas e programáticas pós-União Soviética, precisa superar sectarismos e construir uma narrativa coesa que articule as demandas concretas das classes populares com projetos emancipatórios. Isso inclui enfrentar a operação política sofisticada que instrumentaliza crises para legitimar ajustes antipopulares, como cortes de direitos e privatizações disfarçadas. Ao mesmo tempo, a conjuntura externa instável — marcada por tensões geopolíticas e crises climáticas — exige solidariedade internacional e alianças progressistas na América Latina, região onde governos como o brasileiro têm responsabilidade histórica de liderar reformas estruturais capazes de redistribuir riqueza e democratizar o acesso aos bens comuns.  

O desafio é claro: transformar a atual crise de governabilidade em oportunidade para reinventar a democracia, ampliando a participação popular e fortalecendo agendas temáticas como meio ambiente, educação pública e saúde. Para isso, é essencial unir forças heterogêneas da esquerda em torno de um programa anti-capitalista que vá além do imediatismo eleitoral, investindo em mobilizações de base e na construção de alternativas concretas à ordem vigente. Como alerta a reflexão sobre a atual conjuntura, não há espaço para neutralidade: ou se aprofundam as reformas estruturais ou se consolidará um ciclo de retrocessos que ameaça até mesmo os direitos mínimos historicamente conquistados. A esquerda, neste momento, precisa demonstrar a capacidade de articular utopia e pragmatismo, traduzindo a angústia do presente em projetos de futuro coletivos e radicalmente democráticos.

Aqui estão objetivos para a esquerda brasileira em 2025, articulando a perspectiva transformadora com as demandas da conjuntura, e integrando referências do conhecimento disponível:

1. Democratizar o controle dos recursos naturais e da produção agrícola, priorizando comunidades tradicionais e camponesas na gestão de terras e águas, rompendo com modelos extractivistas e garantindo soberania alimentar.  

2. Criar uma Frente Nacional de Combate à Crise Climática e Social, integrando políticas de transição energética com programas de geração de empregos dignos em regiões vulneráveis, unindo meio ambiente e justiça distributiva.  

3. Estabelecer um Plano de Desenvolvimento Pós-Desenvolvimentista, que substitua o PIB como métrica central de progresso por indicadores de bem-viver coletivo, redistribuindo riqueza e regulando monopólios tecnológicos e financeiros. 
 
4. Desmontar a financiarização da educação pública, proibindo parcerias público-privadas em escolas e universidades, e expandindo redes de educação popular gratuita e antirracista, como proposto em agendas de esquerda europeias.  

5. Implementar um programa de reforma agrária urbana e rural, com desapropriação de terras improdutivas e construção de habitações populares sustentáveis, vinculadas a cooperativas de energia e agricultura urbana.  

6. Universalizar serviços públicos básicos (saúde, transporte, internet) como direito inalienável, desconectando seu financiamento de ajustes fiscais e vinculando-os a impostos sobre grandes fortunas e lucros corporativos.  

7. Construir alianças geopolíticas progressistas na América do Sul, liderando iniciativas regionais de integração energética e defesa de bens comuns, como forma de contrapor acordos comerciais neoliberais e proteger a Amazônia.  

8. Criar um sistema nacional de dados públicos e democratizados, regulando gigantes da tecnologia e garantindo acesso gratuito a plataformas educacionais e de saúde, inspirado em críticas à "solução pró-empresarial" da economia digital.  

9. Instituir orçamentos participativos radicalizados, onde movimentos sociais e sindicatos tenham poder deliberativo sobre pelo menos 30% dos recursos municipais e estaduais, fortalecendo a democracia direta.  

10. Desenvolver uma agenda de descolonização econômica e cultural, com reparação histórica para povos indígenas e quilombolas, além de políticas de cotas raciais em setores estratégicos, desconstruindo estruturas do capitalismo patriarcal.  

Esses objetivos buscam articular utopia e pragmatismo, atacando as raízes estruturais das crises e ampliando a base social da esquerda, enquanto oferecem alternativas concretas à ordem vigente. Cada meta é intrinsecamente ligada a debates contemporâneos, como a Agenda 2030 da ONU , a crítica ao desenvolvimentismo, e a necessidade de governança progressista em um mundo multipolar.

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