Lula foi alertado sobre custo político de carona em jato de empresário; Alckmin tenta minimizar
viagem do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para participar da COP27, no Egito, evidenciou sua relação próxima com um dos principais empresários da área da saúde do país, José Seripieri Junior. Foi num jatinho de "Junior", como é conhecido, que o petista embarcou na manhã desta segunda-feira do aeroporto de Guarulhos.
O empresário tem sua trajetória ligada à Qualicorp, operadora de planos de saúde que fundou em 1997 e da qual saiu em 2019, iniciando uma nova empreitada com o lançamento da Qsaúde logo em seguida. O fato foi noticiado pelos principais sites nacionais. Lula não comentou sobre o caso.
O empresário chegou a ser preso em operação da Polícia Federal, em junho de 2020, em investigação sobre pagamentos ilícitos à campanha do senador José Serra (PSDB). Ele foi solto quatro dias depois. Ele colaborou com a Justiça e fechou uma delação premiada, quando se comprometeu a pagar multa de R$ 200 milhões.
Na tarde da segunda-feira (14), o vice-presidente eleito e coordenador da transição de governo, Geraldo Alckmin, afirmou que a viagem de Lula no avião do empresário não foi um empréstimo, mas uma 'carona'.
"A informação que eu tenho é que o proprietário está indo junto. Não tem empréstimo", respondeu.
O vice ainda acrescentou que governadores e outros políticos também viajam no mesmo avião, que partiu de São Paulo na manhã desta segunda-feira.
Junior é amigo de Lula há pelo menos uma década. Após deixar a Presidência, em 2010, o petista costumava frequentar uma mansão de veraneio do empresário em Angra dos Reis, no litoral sul do Rio. O então ex-presidente chegou a passar um reveillon no local. Na mesma época, o empresário também costumava ceder um helicóptero e um jatinho para transporte do ex-presidente pelo país.
O ex-dono da Qualicorp foi um dos convidados do casamento de Lula com a socióloga Rosângela Silva, a Janja, em maio. O evento, em meio à campanha eleitoral, reuniu cerca de 200 pessoas em São Paulo.
Durante a campanha, o empresário declarou ter feito ao menos duas contribuições para ajudar a eleger o amigo. Na reta final do primeiro turno, foram R$ 660 mil doados ao PT, segundo prestação de contas enviadas ao Tribunal Superior Eleitoral. No segundo turno, depositou mais R$ 500 mil na conta do candidato - o segundo maior valor recebido pelo petista.