Ministra anuncia prioridade para MS em ação de enfrentamento ao feminicídio
Foi realizado
na quinta-feira (30) na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS) uma
audiência pública que contou com presença da ministra das Mulheres,
Aparecida Gonçalves.
A
integrante do Governo Federal participou de
audiência pública proposta pelo deputado Pedro Kemp (PT), no Plenário Júlio
Maia, com o objetivo de debater o tema "Violência contra
as Mulheres e o Feminicídio em MS: Todas e Todos no Combate à
Misoginia", e concedeu, antes do debate, entrevista coletiva no
Plenarinho Nelito Câmara.
Aparecida
Gonçalves destacou que Mato Grosso do Sul será uma das unidades
federativas prioritárias no Pacto Nacional de Enfrentamento ao Feminicídio.
"Mato Grosso do Sul está em segundo lugar no feminicídio, pois aqui é
tipificado o crime de feminicídio. Muitos estados da
federação não tipificam, se aqui isso é feito, registrado, investigado,
estará sempre na frente em número de crimes cometidos. Além da tipificação
colocar Mato Grosso do Sul em segundo lugar, somos um Estado com
região de fronteira enorme, que enfrentam muitos problemas, e isso tem
consequência para a vida das mulheres. Também há aqui interesse em fazer
as políticas públicas, e isso mostra o desejo de mudar o quadro e a realidade
da violência contra as mulheres no Estado, isso é fundamental para formar a
política pública", ressaltou a ministra.
A ministra
também detalhou o Programa Mulher Viver sem Violência, lançado no dia 8 de
março. "Temos vários eixos de ações, são 40 novas Casas de Mulher
Brasileira a serem construídas no País, e também queremos mais uma para o Mato
Grosso do Sul. Mas também avançamos com relação à questão das
patrulhas Maria da Penha. Foram entregues 250 patrulhas que servirão para a
patrulha das mulheres e ao atendimento das delegacias especializadas em
atendimento as mulheres. O Ministério da Justiça também já está adquirindo 200
viaturas para as guardas municipais atuarem como Patrulha Maria da Penha. A
patrulha tem o papel estratégico de prevenir o feminicídio, quando o juiz
entrega a medida protetiva, e tem o acompanhamento da patrulha, esta
vai na casa, acompanha a mulher, ela se sente mais protegida e chama a
viatura e prevenimos assim o feminicídio", informou.
Sobre o
papel da Assembleia Legislativa, a ministra afirmou que essa parceria com
a Casa de Leis é essencial para a construção de políticas públicas de
proteção às mulheres. "O Executivo não faz nada sem o Legislativo, precisa
de aprovação, o Legislativo tem o papel de fiscalizar o que o Executivo está
fazendo, essa é a principal tarefa dos parlamentares em qualquer casa
legislativa. Em relação às legislações, nós precisamos aprimorar algumas
legislações, nós precisamos avançar em algumas legislações no enfrentamento da
violência contra as mulheres, do direito das mulheres, tanto que no 8 de março
nós encaminhamos para o Congresso Nacional a Lei da Igualdade Salarial entre
homens e mulheres, que está tramitando no Congresso. Solicitamos prioridade
na tramitação, pois isso é fundamental para que possamos discutir a
igualdade, e para enfrentar a violência, a autonomia financeira das mulheres é
estratégica, portanto trabalhamos sempre Executivo e Legislativo",
reforçou.
"Inicialmente,
tínhamos um orçamento de R$ 23 milhões, agora é de R$ 123 milhões, e ainda
teremos mais recursos para as políticas públícas para as mulheres, que é uma
política pública transversal, já que algumas competências pertencem a outros
ministérios, conforme estabelecido na Constituição Federal. Não sou adepta
do botão do pânico, porque acredito que deixa a responsabilidade para a
mulher apertar o botão, e quando ela vê o agressor, ele já está muito
próximo; se ele tem uma arma ou uma faca, mata. Defendo que tenhamos outro
sistema de monitoramento, semelhante à tornozeleira eletrônica, assim
a polícia monitora o agressor, e você coloca um dispositivo no
celular da mulher com função de avisar a ela caso o agressor esteja
se aproximando, assim ela pode mudar a rota. Da mesma forma encaminhar
à viatura para prender o agressor em flagrante, por descumprimento
da medida protetiva. Esse dispositivo eletrônico é adquirido pelo
Ministério da Justiça", concluiu a ministra sobre as ações da
Pasta.
Por fim,
a ministra Aparecida Gonçalves falou sobre a agenda que irá cumprir
em Campo Grande, destacando o encontro com o governador que acontece nesta
sexta-feira (31), e o lançamento da unidade do Instituto Médico e
Odontológico Legal (Imol) dentro da Casa da Mulher Brasileira, localizada no
bairro.
O
proponente da audiência pública, deputado Pedro Kemp, participou da coletiva e
falou sobre a necessidade de debater o feminicídio e misoginia. "Estamos
recebendo pela primeira vez nossa ministra das mulheres, Aparecida Gonçalves,
que é aqui do nosso Estado, com o objetivo é discutir e aprofundar o debate
sobre a violência contra as mulheres, o feminicídio, a misoginia, que é uma
coisa que nos preocupa muito. Nos últimos anos nós tivemos um aumento do número
de casos de violência doméstica em Mato Grosso do Sul, que aparece como campeão
de feminicídio, inclusive hoje, na cidade de Rio Brilhante, houve mais um caso
de feminicídio, precisamos discutir o enfrentamento à violência contra mulher,
a cultura machista e políticas públicas para garantir os direitos e
proteção das mulheres vítimas de violência", reforçou o parlamentar.