Novo vazamento de amônia em frigorífico de Dourados deixa trabalhadores feridos
Um novo vazamento de amônia na JBS em Dourados deixou trabalhadores intoxicados, na madrugada desta terça-feira (30). Conforme apurado, cerca de 14 pessoas precisaram de atendimento médico. O último caso ocorreu em 28 de fevereiro.
O Ministério Público do Trabalho apurou, após perícia que, em fevereiro, o incidente foi provocado por uma oscilação de tensão na rede pública de energia elétrica. Essa instabilidade, a princípio, ocasionou falhas no painel de comando localizado na casa de máquinas e a abertura da válvula de segurança de um dos compressores que integram o sistema de refrigeração por amônia. Com isso, o gás proveniente da válvula foi encaminhado pelo suporte de coleta até o tanque de água situado na parte superior da casa de máquinas, possibilitando seu espalhamento na atmosfera e em diversos ambientes de trabalho e áreas externas da indústria, sem o devido tratamento.
A amônia que vazou no frigorífico é um produto químico perigoso, corrosivo para a pele, olhos, vias aéreas superiores e pulmões. “Para que não haja o risco de intoxicação dos trabalhadores, deve-se providenciar uma tubulação específica de coleta e descarga do fluido para a atmosfera, tanque de água ou outros sistemas de tratamento”, orientou à época o perito em Engenharia de Segurança do Trabalho do MPT-MS, Luiz Carlos Alves da Luz, responsável pela inspeção.
Ao listar os principais fatores que cooperaram para a ocorrência do acidente de trabalho, o perito sublinhou que o tanque de água onde aconteceu a descarga de amônia também apresenta irregularidades. “O lançamento do gás ocorreu em local impróprio, enclausurado por paredes e outras estruturas da indústria, e situado em cota bastante inferior aos pontos mais altos das coberturas das edificações próximas (cerca de 10 a 15 metros abaixo)”, acrescentou Luiz Carlos Luz.
Essas conclusões fazem parte de um relatório finalizado pela perícia, que ainda apontou a existência de diversas obras de ampliação na indústria com saídas de emergência provisórias sem sinalização de rota de fuga e Plano de Resposta a Emergências elaborado pela Seara sem previsão de todos os possíveis cenários, com base em análise de riscos e descrição de medidas de segurança ou controle para resposta a cada evento.
O Ministério Público do Trabalho concedeu prazo de 30 dias para que a empresa promova as adequações necessárias, a contar do dia 15 de março, quando houve a entrega do relatório técnico.