Pesquisa da Embrapa detecta 33 tipos de agrotóxicos no Rio Dourados
Monitoramento realizado pela Embrapa Agropecuária Oeste de Dourados no ano de 2022 no rio Dourados, detectou um total de 33 diferentes agrotóxicos ou seus produtos de degradação, de forma individual ou em associação com outros. O rio é responsável por 50% da água distribuída em Dourados e cidades da região.
Ao todo foi coletado 90 amostras de água em três locais do Rio Dourados durante o ano de 2022 (3 locais x 2 replicatas x 15 datas), em intervalos quinzenais ou mensais. Os resultados foram expressos pelas médias das duas replicatas (n = 45). As amostras foram analisadas no Laboratório de Análises Ambientais da Embrapa Agropecuária Oeste.
Uma das principais rotas de transporte dos agrotóxicos para corpos hídricos superficiais se dá pelo escoamento superficial da água sobre o solo, o qual se forma durante os eventos de precipitação. Este escoamento é resultado da parcela da água oriunda das chuvas que não infiltra e, pela ação da gravidade, escoa em direção as cotas mais baixas da bacia, encontrando os corpos hídricos superficiais.
Conforme o monitoramento, divulgado no mês de abril, observou-se a ocorrência de 33 diferentes agrotóxicos ou seus produtos de degradação, de forma individual ou em associação com outros, em pelo menos uma amostra analisada em 2022. Esses 33 compostos podem ser separados quanto a sua classificação: 16 herbicidas, 7 inseticidas, 3 fungicidas e 7 produtos de degradação.
A pesquisa mostrou que, os agrotóxicos detectados em todas as amostras foram atrazina, clorantraniliprole, epoxiconazole e tebuconazole. Os produtos de degradação da atrazina, DEA (deetilatrazina), DIA (deisopropilatrazina) e 2-hidroxiatrazina foram detectados em 91%, 27% e 53%, respectivamente, das amostras analisadas. Os agrotóxicos ou produtos de degradação mais frequentes (≥ 50%) nas amostras analisadas foram: atrazina, DEA, 2-hidroxiatrazina, bentazona, clomazona, clorantraniliprole, epoxiconazole, fipronil, imazetapir e tebuconazole.
As maiores concentrações encontradas foram de 0,254 µg L para atrazina e 0,102 µg L para clomazona. O somatório das concentrações dos diferentes agrotóxicos ou produtos de -1 -1 degradação detectados nas datas de amostragem variaram de 0,017 µg L a 1,066 µg L, sendo o maior valor observado após grandes volumes de precipitação acumulada nos dias anteriores. Além disso, esse período coincide com o final do ciclo da cultura de verão e início da cultura de outono, quando se tem maior aplicação dos fungicidas epoxiconazole e tebuconazole.
Comparando-se os resultados do monitoramento de resíduos de agrotóxicos do Rio Dourados de 2022 e 2021, observou-se que:
– Houve um pequeno aumento do número total de agrotóxicos detectados em 2022.
Os agrotóxicos e/ou produtos de degradação atrazina, DEA, 2-hidroxiatrazina,
clorantraniliprole, epoxiconazole e tebuconazole ainda foram frequentes nas amostras de
2022.
– Os herbicidas bentazona, clomazona e imazetapir, bem como o inseticida fipronil, tornaramse frequentes em 2022 e não eram em 2021.
– O agrotóxico que apresentou a maior concentração individual em amostras de 2022 foi a
atrazina e, em 2021, foi a bentazona.
– Observou-se, nas amostras de 2022, diminuição da ocorrência do produto de degradação da atrazina, o 2-hidroxiatrazina.
Observou-se aumento da ocorrência dos agrotóxicos bentazona, clomazona, fipronil e
imazetapir nas amostras de 2022.
– Foram detectados os agrotóxicos e/ou produtos de degradação em 2022 (frequência ≥ 5%) e que não ocorreram em 2021: fipronil dessulfenil, mesotriona, metsulfurom-metílico,
sulfentrazona e triclopir (que foi incorporado ao programa de monitoramento apenas em 2022).
– Não foram detectados os agrotóxicos carbendazim e tiodicarbe em 2022, enquanto estes foram detectados em 2021 com frequências ≥ a 5%.