Nos últimos anos, o Brasil tem enfrentado uma série de desafios sociais e econômicos que parecem não ter fim. Entre corrupção, desigualdade social e crises políticas, um fator subjacente frequentemente negligenciado é a mentalidade da população. 

Qualquer estrangeiro que venha de um país desenvolvido conhecer o Brasil sabe que a razão principal disso é a mentalidade pobre do povo brasileiro. Logo observa que a maioria da população brasileira tem o modelo mental fixo, nem sabe nem nunca ouviu falar o que se trata o "modelo mental". Nenhum país rico, a maioria da população tem o modelo mental fixo. Nenhum país pobre, a maioria da população tem o modelo mental de crescimento.

O conceito de "mindset", ou modelo mental, proposto pela psicóloga Carol S. Dweck em seu livro "Mindset: A nova psicologia do sucesso", pode oferecer uma nova perspectiva sobre os entraves que limitam o desenvolvimento do País. Dweck define dois tipos principais de mindset: o fixo e o de crescimento. O primeiro se caracteriza pela crença de que as habilidades e talentos são inatos e imutáveis. Já o segundo é baseado na ideia de que as habilidades podem ser desenvolvidas por meio de empenho e aprendizado. Essa diferença aparentemente sutil tem profundas implicações em como as pessoas enfrentam desafios e buscam oportunidades.

Características Distintas entre os Modelos Mentais

1. Crença em Talentos Inatos vs. Desenvolvimento Contínuo: o mindset fixo acredita que o sucesso é uma questão de talento, enquanto o mindset de crescimento vê o sucesso como resultado de empenho e aprendizado;

2. Reação a Fracassos: indivíduos com mindset fixo tendem a desistir diante de falhas, enquanto aqueles com mindset de crescimento encaram os fracassos como oportunidades de aprendizado;

3. Apreciação do Empenho: para os que têm um modelo fixo, o empenho é visto como esforço, algo negativo, indicando falta de habilidade. Já para os que possuem um modelo de crescimento, o empenho é visto como dedicação e valorizado por ser essencial à melhoria;

4. Abertura a Críticas: pessoas com mindset fixo geralmente rejeitam críticas, enquanto aquelas com mindset de crescimento as aceitam como feedback valioso;

5. Busca por Desafios: o modelo fixo evita desafios para não arriscar o fracasso, enquanto o modelo de crescimento busca desafios como forma de se desenvolver;

6. Inspiração em Sucessos Alheios: indivíduos com mindset fixo sentem-se ameaçados pelo sucesso dos outros, enquanto aqueles com modelo de crescimento se sentem inspirados e motivados;

7. Visão sobre Inteligência: o mindset fixo vê a inteligência como algo estático, enquanto o modelo de crescimento acredita que a inteligência pode ser expandida;

8. Foco no Resultado vs. Foco no Processo: o primeiro prioriza resultados imediatos, enquanto o segundo valoriza o aprendizado ao longo do processo;

9. Resiliência: o mindset fixo tende a ser menos resiliente diante das dificuldades, enquanto o modelo de crescimento promove uma maior capacidade de adaptação e superação;

10. Impacto nas Relações: o modelo fixo pode criar relações competitivas e conflituosas, enquanto o modelo de crescimento fomenta colaborações e parcerias.

A base do modelo mental fixo é: a baixa autoestima, o vitimismo, a irresponsabilidade, o pessimismo, a tristeza (por isso a imprensa sensacionalista brasileira dissemina violência e tragédia à população, músicas religiosas e sertanejas pregam o sofrimento como se fosse a grande virtude). A base do modelo mental de crescimento é: a alta autoestima, o protagonismo, a autorresponsabilidade, a alegria, o otimismo (raramente, encontramos um brasileiro com essas características psicológicas).

O Impacto no Brasil

A predominância do modelo mental fixo na sociedade brasileira pode ser observada em diversas áreas, desde a educação até o ambiente de trabalho. A falta de resiliência diante das dificuldades econômicas e sociais muitas vezes resulta em uma cultura de conformismo, onde as pessoas acreditam que suas condições não podem ser alteradas. Essa mentalidade limita não apenas o potencial individual, mas também o progresso coletivo.

Por exemplo, em um cenário educacional, estudantes que acreditam que suas capacidades são fixas tendem a desistir mais facilmente quando enfrentam dificuldades acadêmicas. Isso contribui para a perpetuação do ciclo de pobreza e desigualdade, já que a educação é uma das principais ferramentas para a mobilidade social.

Caminhos para a Transformação

Para reverter essa situação, é necessário um esforço conjunto em diferentes níveis da sociedade:

1. Educação Emocional nas Escolas: introduzir programas que ensinem crianças e jovens sobre a importância do esforço e do aprendizado contínuo pode ajudar a cultivar um mindset de crescimento desde cedo;

2. Exemplos Positivos: celebrar histórias de superação e sucesso baseadas em esforço e dedicação pode inspirar outros a adotarem uma mentalidade semelhante;

3. Feedback Construtivo: criar ambientes onde críticas são vistas como oportunidades de aprendizado pode ajudar a mudar a percepção sobre falhas;

4. Mentoria e Coaching: programas de mentoria que incentivem o desenvolvimento pessoal e profissional podem ajudar indivíduos a verem seu potencial além das limitações percebidas;

5. Cultura Organizacional: empresas podem adotar práticas que valorizem o aprendizado contínuo e a inovação, promovendo um ambiente onde os erros são vistos como parte do processo criativo;

6. Campanhas de Conscientização: iniciativas sociais que abordem a importância do mindset na superação de desafios podem engajar a população em um movimento coletivo por mudança.

Ao promover a transição do modelo mental fixo para o modelo mental de crescimento, o Brasil não apenas pode transformar a realidade social e econômica, mas também construir uma sociedade mais resiliente, inovadora e capaz de enfrentar os desafios do futuro. A mudança começa na mente, e cada passo dado nessa direção pode contribuir para um País mais justo e próspero.