Dourados, uma cidade que respira história e cultura no coração do Mato Grosso do Sul, enfrenta um fenômeno silencioso, mas devastador: a degradação ambiental provocada pela remoção indiscriminada de árvores nas calçadas. Moradores, muitas vezes movidos por desconhecimento, comodidade ou até mesmo egoísmo, têm arrancado árvores centenárias ou realizado podas radicais que comprometem irreversivelmente a saúde desses seres vivos essenciais. Essa prática não apenas agrava os problemas ambientais da cidade, como também desvaloriza imóveis, afeta a qualidade de vida da população e evidencia a ausência de políticas públicas eficazes para o plantio e manutenção de árvores urbanas.

### O Impacto Econômico da Remoção de Árvores

As árvores são muito mais do que elementos decorativos nas calçadas de Dourados; elas são ativos valiosos que aumentam o valor dos imóveis. Estudos imobiliários mostram que residências localizadas em áreas arborizadas tendem a ter um valor de mercado significativamente maior do que aquelas em ruas sem vegetação. Além disso, as árvores proporcionam sombra, reduzem o calor urbano e melhoram a estética geral do ambiente, tornando as propriedades mais atrativas para potenciais compradores ou locatários.

No entanto, quando moradores decidem arrancar árvores ou realizar podas excessivas – muitas vezes sob a justificativa de evitar quedas de galhos ou danos à fiação elétrica –, eles estão, na verdade, contribuindo para a desvalorização de seus próprios imóveis.

A falta de planejamento e diálogo com órgãos responsáveis leva a soluções equivocadas, como a remoção completa de árvores, que poderiam ser preservadas com intervenções técnicas adequadas. O resultado é uma paisagem urbana empobrecida, onde o concreto e o asfalto dominam, e os benefícios econômicos e ambientais das árvores são perdidos.

### Falta de Políticas Públicas de Arborização Urbana

Um dos grandes problemas de Dourados é a ausência de uma política pública robusta para o plantio e manutenção de árvores nas calçadas. Enquanto outras cidades brasileiras têm programas de arborização urbana que incluem o replantio de espécies nativas em áreas desprovidas de vegetação, Dourados ainda carece de iniciativas semelhantes. Ruas outrora arborizadas agora exibem calçadas vazias, onde restam apenas tocos ou cicatrizes no solo, lembrando a presença de árvores que um dia ofereceram sombra e beleza.

Além disso, há uma carência de fiscalização e orientação técnica. Muitos moradores realizam podas radicais ou removem árvores sem autorização, desconhecendo as normas ambientais e os impactos negativos de suas ações. Um programa municipal que incentive o plantio de novas árvores e ofereça suporte técnico para a manutenção das existentes poderia reverter essa situação. Por exemplo, a prefeitura poderia disponibilizar mudas de espécies adequadas ao clima local e promover parcerias com arboristas e engenheiros florestais para orientar os moradores sobre práticas sustentáveis.

### Conscientização Ambiental: Uma Necessidade Urgente

A remoção de árvores em Dourados também reflete uma lacuna crítica na conscientização ambiental da população. Para muitos moradores, as árvores são vistas como obstáculos – fontes de folhas secas, galhos caídos ou raízes que podem danificar calçadas. No entanto, poucos percebem os inúmeros benefícios que essas árvores trazem: elas purificam o ar, reduzem a poluição sonora, combatem o efeito de ilhas de calor e até melhoram a saúde mental dos habitantes.

Uma campanha educativa ampla e contínua poderia mudar essa percepção. Palestras nas escolas, workshops comunitários e campanhas nas redes sociais poderiam destacar a importância das árvores urbanas e ensinar os moradores sobre alternativas viáveis para lidar com problemas como queda de galhos ou interferência com a fiação elétrica. Por exemplo, técnicas de poda estratégica, realizadas por profissionais qualificados, podem mitigar riscos sem comprometer a saúde da árvore.

### O Papel da Prefeitura e da Sociedade Civil

Para enfrentar esse desafio, é fundamental que a Prefeitura de Dourados assuma um papel proativo. Além de criar políticas públicas de arborização urbana, o poder público deve investir em fiscalização e aplicação de multas para quem remover árvores sem autorização. Ao mesmo tempo, é necessário envolver a sociedade civil nessa missão. Movimentos comunitários, associações de bairro e organizações ambientais podem se unir para promover o plantio de novas árvores e monitorar a saúde das já existentes.

Um exemplo inspirador é o projeto "Adote uma Árvore", implementado em outras cidades brasileiras, onde moradores se comprometem a cuidar de mudas recém-plantadas em suas calçadas. Essa iniciativa não apenas fortalece o senso de pertencimento da comunidade, como também cria uma rede de colaboração entre cidadãos e poder público.

### Conclusão: Um Futuro Sustentável para Dourados

A remoção indiscriminada de árvores em Dourados é um alerta claro de que precisamos repensar nossa relação com o meio ambiente. As árvores não são meros acessórios urbanos; elas são fundamentais para a saúde, o bem-estar e a economia da cidade. Sem uma política pública eficaz de arborização urbana e sem esforços consistentes de conscientização ambiental, corremos o risco de transformar Dourados em uma cidade cinzenta, quente e desvalorizada.

É hora de agir. Cada árvore arrancada representa uma oportunidade perdida de melhorar a qualidade de vida da população e preservar o patrimônio natural da cidade. Que Dourados possa se tornar um exemplo de sustentabilidade, onde o verde das árvores seja visto não como um obstáculo, mas como um símbolo de progresso, harmonia e respeito ao meio ambiente. Afinal, o futuro da cidade depende das escolhas que fazemos hoje.