Tocando Agora: ...

A Última Semente

Publicada em: 29/03/2025 09:06 - Geral

Um vilarejo ancestral no coração do Cerrado brasileiro, onde a terra respirava vida. As crianças aprendiam os nomes das plantas antes de aprenderem a ler, e os rios cantavam histórias de gerações passadas. A comunidade vivia em harmonia sagrada com a natureza, praticando uma agricultura que honrava os ciclos da terra. 

Maria, 28 anos, agricultora, era filha de um líder comunitário morreu "acidentalmente" após confrontar uma corporação de agronegócio. Maria carrega no peito um colar com uma semente rara, legado do pai: "Quando tudo parecer perdido, plante esta semente, e ela revelará a verdade". 

Um dia, caminhões com logotipos de chamas (AgraFértil Corp.) chegam ao vilarejo. Homens de ternos oferecem "progresso": monocultivos de soja transgênica, máquinas que prometem riqueza. Em troca, exigem as terras. A água do rio começa a escurecer. Crianças adoecem. Aves migratórias desaparecem. 

Discurso do Líder da Corporação:

— "Vocês estão presos no passado. O futuro é produtividade, é tecnologia. A natureza precisa ser dominada."

Maria se recusa a vender sua terra. Seu irmão mais novo, João, seduzido pela promessa de dinheiro, trai a família e assina o contrato. 

Maria, isolada, encontra Dona Alícia, uma anciã que guarda segredos da agroecologia. Em segredo, elas revitalizam um pedaço de terra envenenado com técnicas ancestrais: rotação de culturas, sinergia entre plantas, respeito aos polinizadores. A colheita renasce, mas a corporação sabota o campo com pesticidas à noite. 

Maria encontra um jabuti morto, ensanguentado por herbicida. Ela desaba, segurando o animal, lembrando-se do pai. 

Dona Alícia diz: 

— "O agronegócio não tem alma, Maria. Ele vende a ilusão de que a vida é uma linha reta... mas a terra é um círculo. Quem quebra o círculo, quebra a si mesmo."

A corporação incendeia a floresta sagrada do vilarejo para expandir a plantação. Maria, encurralada, planta a semente do colar no meio das cinzas. Chuva torrencial cai, e no lugar brota uma árvore desconhecida, com raízes que purificam o solo. As sementes dessa árvore são imunes aos venenos. 

João, arrependido, confronta o líder da AgraFértil: 

— "Vocês não vendem comida. Vendem morte disfarçada de ouro."

O vilarejo se une. Usando as sementes da árvore sagrada e técnicas agroecológicas, eles recuperam a terra. A corporação foge, mas não antes do líder sussurrar: "Isso não acaba aqui." 

Cinco anos depois: o vilarejo é um oásis autossustentável. Maria, agora líder, ensina crianças a lerem o "livro da terra". João, redimido, cria abelhas nativas. 

Maria entrega a um jovem uma semente da árvore sagrada: 

— "A ganância corta raízes. Mas a vida sempre volta... se você souber esperar."

A câmera revela, à distância, um trator abandonado, coberto por trepadeiras floridas.  

Compartilhe:
Comentário enviado com sucesso!
Carregando...