Na noite de 13 de abril, o Irã escreveu com drones e mísseis um capítulo perigoso na sua rivalidade com Israel: 300 projéteis cruzaram fronteiras, 99% interceptados por uma aliança liderada por EUA e Israel. Uma resposta calculada ao ataque israelense em Damasco que matou comandantes iranianos. Mas sob os holofotes dessa crise, escondem-se perguntas que ferem mais que estilhaços:
EUA no Tabuleiro: Entre Defensor e Piromaníaco
Os mesmos aviões que abateram drones iranianos são os que entregaram 100 bombas diárias a Israel em Gaza. Washington condena a "agressão" do Irã, mas financia e arma a ofensiva que matou 33.000 palestinos. A coerência morre onde começam os interesses: proteger Israel é estratégico; proteger palestinos, inconveniente.
Bomba que Ninguém Cita (e a que Todos Temem)
Enquanto o Irã é demonizado por seu programa nuclear, Israel possui 90 ogivas atômicas não declaradas — e veto americano na ONU que as protege. O ataque serviu ao regime de Teerã como cortina de fumaça: desviou o foco das sanções econômicas que sufocam seu povo, enquanto Israel exibe seu poderio convencional e nuclear implícito.
Efeito Dominó Regional: Gaza, Líbano, Iêmen — Sangram Igual
- Gaza segue sob bombas, fome e hospitais destruídos. Sua impotência é a prova viva: quando potências brigam, ocupados viram estatística.
- Líbano vive sob ameaça de guerra total entre Hezbollah e Israel;
- Iêmen, bombardeado pela coalizão saudita (com armas ocidentais), vê sua crise humanitária apagar-se das manchetes. A Grande Hipocrisia Internacional
O Conselho de Segurança da ONU reuniu-se em horas para condenar o Irã. Mas vetou 4 cessar-fogo em Gaza em 6 meses. A mensagem é clara:
"Vidas israelenses importam mais. Vidas sob ocupação? São dano colateral."
Custo Real da "Vitória Defensiva"
Cada míssil interceptado pelo Iron Dome custa US$ 50 mil; os lançados pelo Irã, US$ 1 milhão. Enquanto isso:
- Com o valor de 10 mísseis, alimenta-se Gaza inteira por um mês;
- Com o custo de uma noite de defesa, reconstroem-se 10 hospitais no Iêmen.
Conclusão: Quando a Paz Virar Prioridade?
Esta crise não é sobre segurança. É sobre ego, poder e indústria bélica. Enquanto líderes trocam ameaças nucleares e civis morrem em escombros, a pergunta que ecoa das ruínas de Khan Younis a Teerã é:
"Quantas vidas valem um ponto no jogo geopolítico?"
A saída? Só existe uma:
- Pressionar por desnuclearização real (incluindo Israel);
- Condicionar ajuda militar ao fim de ocupações;
- Tratar toda vida humana com igual dignidade — não com dois pesos, duas medidas.
Até lá, seguiremos contando mísseis no céu... e corpos sob as ruínas.
