Hoje é 9 de agosto! Dia Internacional dos Povos Indígenas! Data em que o mundo para, olha pro mapa, coça a cabeça e pergunta: "Cadê o 'internacional' disso? Tá marcado no Calendário do Tupã?". 

Enquanto ministros em Brasília soltam fogos de palavrinhas sobre "cultura rica" e "preservação", um garimpeiro lá no Xingu aproveita o feriado simbólico pra fazer hora extra. "É dia deles? Ótimo! Tão ocupados com a festa, o peixinho (ouro) fica pra mim!", riu o empreendedor ilegal, sob gritos de arara. 

Nas redes sociais, a hashtag #SomosTodosIndígenas bombou por 17 minutos. Uma influencer postou foto de cocar fast fashion (feito em Bangladesh) com a legenda: "Minha alma é caiapó, meu signo é tupi-guarani e meu horóscopo é do Pé de Jambo!". A líder indígena Joênia Wapichana respondeu: "Minha alma é DPU, meu signo é STF e meu horóscopo é demarcação-já!". 

O governo federal anunciou um presente especial: uma comissão para discutir a comissão que vai analisar o relatório da comissão sobre terras indígenas! "É histórico!", comemorou um ruralista, abrindo champanhe em cima de um trator. Enquanto isso, na aldeia, crianças Yanomami perguntam: "Dia dos Povos Indígenas traz remédio ou só trend no Twitter?". 

E no meio da zona geral, um sábio ancião de 105 anos suspirou: "Antes do homem branco, a gente só tinha que se preocupar com onça. Hoje, a onça é de estimação. O perigo real é o agronegócio, a mineração e o tal ‘progresso’, que em tupi antigo significa ‘faxina étnica’". 

É brincadeira, viu? Mas quem ri pra não chorar são os irmãos originários. Enquanto "parabéns" viram pó no vento, o que vale é terra demarcada, garimpo longe e respeito. Ou como diria o cacique: "Fora o cocar, de resto tá tudo pior que em 1500!".